Já faz algum tempo que venho recebendo algumas consultas sobre o uso de ração peletizada para criação de peixes em todo o Brasil, e isso tem me incomodado bastante, pois, tenho visto empresas e consultores se aproveitarem da desinformação alheia para ganhar dinheiro.
A criação de peixe no Brasil está vivendo um terceiro grande momento da sua história e já está caminhando para um novo patamar. Para quem não se lembra vou fazer um pequeno resumo.
A criação de peixe começou como hobby entre os fazendeiros, eles criavam em seus tanques escavados ou em riachos ou represamentos em suas propriedades. A primeira ração a ser fornecida para os peixes era o milho quebrado, que logo após foi substituído pela ração farelada.
Em um tempo onde não se tinha controle de amônia na água muito menos de produtividade alguns criadores perceberam que para se ter um peixe com peso e com uma boa quantidade de carne era necessário muito tempo para retirar da água, dessa forma ele era pescado e consumido pequeno mesmo.
Foi observado que os suínos quando consomem ração farelada não conseguem absorver tudo e com isso boa parte do que comeu é eliminado nas fezes e umas das soluções encontradas lá em meados dos anos 80 foi fazer a criação consorciada com a criação de suínos, os chiqueiros eram construídos suspensos sobre o represamento de água onde havia a criação de peixe e essas fezes eram jogadas aos peixes para que eles comessem e com isso recebesse um material mais nutritivo uma vez que os alimentos estariam parcialmente digeridos.
Esse método apesar de ser muito barato não é o ideal, mas foi utilizado por pequenas propriedades até próximo do ano 2000 em fazendas e sítios que faziam a criação para consumo próprio. Todavia, existe um risco grande de contaminação da carne do peixe pelos microrganismos responsáveis da digestão dos suínos.
Nos anos noventa grandes pesquisadores e responsáveis pelas fábricas de ração no Brasil começou a trazer novas tecnologias da Europa e EUA e uma delas foi a peletizadora.
A peletizadora é um equipamento desenvolvido a principio para fazer a compactação da ração farelada, como sempre tivemos problemas de frete no Brasil, o uso de ração compactada auxiliava no transporte, uma ração farelada tem um densidade de aproximada 500 a 600Kg/m³ e quando se peletiza a ração, ela ganha um aumento de massa passando para 700 a 750 Kg/m³ ou seja em um frete em um caminhão trucado na qual deveria caber em média 50 m³ teremos
27.500 Kg de ração farelada e em contra partida teremos 35.000 Kg de uma ração peletizada.
O uso do vapor foi colocado posteriormente onde em pesquisas se comprovou que o vapor além de aliviar o esforço feito pela máquina ajuda a cozinhar o amido presente na formulação e com isso deixar um pouco mais de nutrientes a disposição para o animal que vai ser alimentado.
Porém mesmo assim essa disponibilidade não é grande, mas já foi um grande ganho ao se passar de uma ração farelada para uma peletizada e com uso de vapor. Abaixo, segue um quadro comparativo:
Farelada | Peletizada | Extrusada | |
% Digestibilidade | 3% | 8-10% | 80-85% |
Ao longo desses últimos anos escrevi alguns artigos relacionados a Peletização e gostaria de compartilhar com vocês para que possam se informar um pouco mais sobre esse excelente equipamento, mas que não é indicado para o uso de ração de peixe.
Para as rações de peixe, seja ele carnívoro ou não, de água doce ou salgada, e até camarões e mariscos, está sendo utilizado a ração extrusada com alto índice de proteína para que os animais tenham alta absorção, digestibilidade e ganho de peso.
Mas isso vamos falar em uma nova oportunidade.
O mais importante aqui é não utilizar ração peletizada para ração de peixe!
Forte Abraço