O mercado de ração no Brasil passou por momentos gloriosos a partir de 2017, e muitas empresas se organizaram e ampliaram seu parque industrial, se preparando para esse crescente que se iniciava e era promissora.
Como todos sabemos, uma ampliação ou até mesmo a construção de uma nova planta industrial, requer no mínimo 12 meses, desde a construção dos equipamentos, até o start up da primeira produção.
As empresas que se anteciparam à movimentação do mercado, passaram o ano de 2018, e parte de 2019, trabalhando em turnos para suprir a produção que o mercado estava requisitando. Paralelamente, as novas plantas já estavam sendo produzidas, para atender o aumento da produção e diversificação dos produtos, o que exigia um curto espaço de tempo.
As vendas de 2019 estavam superando as expectativas, tanto no mercado nacional, quanto no internacional. Há época muitas empresas buscavam exportar o que conseguiam produzir. Considerando que o processo de liberação da fábrica em expansão requisita um tempo de sessenta a noventa dias para liberar a documentação. O processo um tanto burocrático, vai desde as vistorias que devem ser feitas, documentos a serem preenchidos, até revisão dos processos que devem ser comprovados ou até melhorados para a autorização e liberação de exportação.
Mas como já sabido, em 2020 foi marcado pele Corona Vírus, e todos ficaram apreensivos com o futuro do mercado, e não foi diferente com o de ração animal, principalmente o mercado pet, que, para muitos passaria, a ser um item supérfluo.
Todos sabiam que os animais continuariam comendo, contudo, a crença era que o primeiro corte ou economia seria na ração dos pets. O que ninguém imaginava era que as rações premium e super premium seguiriam com o seu papel de destaque nas gondolas e na preferência do público.
O fato das pessoas terem ficado em casa e sob forte estresse emocional, fez com que houvesse ainda mais adoção de animais de estimação. Seus donos cuidaram deles como verdadeiros filhos. Muitos foram salvos pela companhia desses animais, já que não tinham com quem compartilhar os momentos de apreensão que estavam vivenciando. Na lista de compras feita com o auxílio emergencial, a ração dos pets foi contabilizada.
Com isso tivemos um ótimo 2020, com crescimento da produção nas fábricas de ração, o que gerou contratações e novos projetos de expansão para as indústrias.
Durante esse período tivemos alguns aumentos no preço de matéria prima, mas mesmo assim, o mercado detinha essa demanda.
Em 2021, com um mercado ainda mesclado entre home office e trabalho presencial, a produção continuou em um ritmo acima dos patamares pré-pandemia, o que animava as empresas a manterem seus investimentos. Os resultados foram 25% maiores do que em 2020, convertendo-se em um faturamento superior a R$ 51 Bilhões.
Nesse período o grande foco era nas entregas por aplicativo, as vendas nesse sistema se intensificaram muito, pelo medo, que a população tinha, de exposição e contaminação pelo vírus. Algumas empresas, no país, já estavam estruturadas para esse modelo, que era o futuro. Contudo, o futuro foi antecipado em 10 anos, por conta da pandemia, pegando grande parte das empresas despreparadas.
As principais empresas que mais investiram nesse período foram:
Empresa | Valor | Parceiro de Investimento | Tipo de Investimento |
PetLove | R$ 250 Milhões | SoftBank | Investimento |
Cobasi | R$ 300 Milhões | Private Equity Kinea | Investimento |
Petz | R$ 3 Bilhões | Treecorp – Private Equity | IPO – IBOVESPA |
E com o valor do IPO a Petz ainda fez a aquisição de uma outra empresa a Zee.Dog, pelo valor de R$ 715 milhões. Empresa especializada em acessórios para pets, mas focada na distribuição e vendas on-line, a grande força da empresa.
E praticamente restando três meses para fechar 2022, presenciamos um mercado um pouco mais tranquilo, sem muitas oscilações de preço. Matérias primas como milho e soja, que foram os grandes precursores das altas de preços na pandemia, voltaram a patamares aceitáveis, mas longe dos valores pré-pandemia. Contudo, o mercado está crescendo 14% este ano.
E para os próximos anos o que se esperar do mercado, que a anos não sabe o que é um crescimento inferior a 10%? Não temos como prever o futuro, mas podemos acompanhar as necessidades dos clientes, e entender o que o panorama político e econômico mundial, pode trazer de tendências para os próximos anos.
Ressaltamos a diversidade de produtos existentes no mercado, a tendência é que comece um movimento de seleção natural das marcas. As que estão se destacando continuam, as que se destacam, mas não tem força para competir, irão ser compradas fecharão as portas. Esta seleção, possibilitará melhores produtos, com maior qualidade, a concorrência será mais acirrada entre as empresas que se manterem no mercado.
O mercado externo, será uma realidade ainda maior, para as empresas nas regiões como África, Oriente Médio e Ásia, tornar-se-ão destinos certos nos próximos anos. As Américas também estão no radar das empresas brasileiras, mas em uma menor intensidade, pois, cada país tem se mexido para poder desenvolver sua produção local.
Deliveries continuarão fortes para os próximos anos. Empresas que focarem no mercado de venda direta, como já vem acontecendo, terão maior rentabilidade e fidelidade do público, por estarem mais próximos do consumidor final. Será possível comprar remotamente e receber o produto na residência, utilizando para isso as lojas como pontos de distribuição e entrega. Para isso, será necessário avançar com parcerias entre lojas e fabricantes, para que os encargos sejam capilarizados, favorecendo a ascensão do mercado.
Investir em produtos saudáveis e sustentáveis. Cada vez mais as novas gerações têm maior consciência ecológica e exigem produtos que são amigos do meio ambiente.
Por último, e não menos importante, quebre barreiras. As tecnologias estão construindo uma muralha entre o cliente e fornecedor. É preciso transpor essas dificuldades da melhor forma possível. As redes sociais são as maiores aliadas na divulgação e comercialização de produtos. É importante usar essa ferramenta de trabalho de forma amistosa, para estar mais próximo dos clientes. Participe de eventos ao ar livre, feiras de negócios e atividades culturais conjuntas.
Esteja sempre atento ao movimento do mercado, estamos em um momento de consolidação das novas tecnologias. Agora é um momento de se organizar e testar as estratégias para os próximos anos. Aproveite esse tempo para corrigir o que está falho e acelerar as teses que já estão amadurecidas.
Um abraço e até a próxima!