“O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 87, Parágrafo único, inciso II, da Constituição, tendo em vista o disposto no art. 71 do Regulamento do Serviço de Defesa Animal, aprovado pelo Decreto nº 24.548, de 3 de julho de 1934, nos artigos 1º e 2º da Lei nº 6.198, de 26 de dezembro de 1974, e o que consta do processo nº 21000.008269/2003-65, e considerando a epidemiologia da Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB e a necessidade de manutenção da situação sanitária do Brasil em relação a essa doença, resolve:
Art. 1º Proibir em todo o território nacional a produção, a comercialização e a utilização de produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua composição proteínas e gorduras de origem animal.”
Leia na Integra: Instrução Normativa n 8
É com Instrução Normativa 8/2004, que começo mais um tema, falando sobre os diferentes tipos de linha que temos na produção de ração onde cada uma se difere e o que é bom ter em mãos para poder se comprar uma linha de produção.
LINHA VERDE:
A linha verde são as linhas de produção de ração na qual só se podem utilizar matérias primas de origem vegetal, em tese, poderíamos fazer qualquer tipo de ração sem o uso de ingredientes de origem animal.
Mas alguns estudos nessa área revelam o aumento do custo da ração e para alguns casos a perda da palatabilidade por não ter produtos de origem animal ou o aumento do uso do palatabilizante para poder suprimir essa deficiência.
Na linha verde temos obrigatoriamente a proibição da produção de ração para RUMINANTES (bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos) por conta da instrução normativa oito na qual proíbe o uso de matéria prima de origem animal por causa da Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB ou mais concedia como doença da Vaca Louca.
Os demais animais como Aves, Suínos e Equinos tem o uso de proteína animal liberada e incentivada para que as aves e suínos tenham um ganho de peso mais rápido e os cavalos normalmente atletas possam ter melhores desempenhos em suas atividades.
A linha verde pode ter produção de ração Farelada, peletizada ou extrusada. Vou exemplificar cada uma delas:
Linha de Ração Farelada: Esse é por onde 95% das empresas começam a trabalhar, muitas das vezes com um misturador vertical e fazendo a dosagem e pesagem na mão.
Nesse processo pode-se produzir qualquer tipo de ração citado anteriormente, todavia, o desempenho dos animais não serão os mesmos por conta da conversão alimentar que a linha favorece.
Por lei (IN-8) se uma indústria de ração for trabalhar com ração aves e bovinos ela obrigatoriamente tem que montar duas empresas, pois segunda a normativa nem se quer traços de produto de origem animal pode ser ter no produto final. Uma das formas é o processo de Cromatografia Gasosa na qual a carne dos animais abatidos passa por um congelamento com nitrogênio e é moído, após essa moagem o produto é submetido à incineração e os gases provenientes dessa queima são analisados no Cromatógrafo que devidamente calibrado é capaz de detectar a presença de subprodutos de origem animal na dieta do animal. Se um frigorifico estiver exportando essa carne e o cliente dele detectar a presença da matéria prima de origem animal, não só ele perde o contrato como também todos os outro exportadores passaram por uma sistema de verificação de suas produções e com isso pode haver o embargo da produção por meses.
Linha de Ração Peletizada: Da mesma forma que foi relatado anteriormente essas linhas tem que ser separadas, não se pode ter os dois produtos rodando na mesma área produtiva. As linhas de peletização são bastante variadas podem atender fabricantes desde a produção de 400 Kg/h até 40 Ton/h ou mais dependendo do ramo em que estiver atuando.
Linha de Ração Extrusada: E por ultimo temos a linha de ração extrusada, não se utiliza ração extrusada para a produção de aves de corte ou poedeiras por conta do alto custo produtivo que essas rações irão ter. Mas já se encontra no mercado hoje rações Premium e super Premium para cavalos nas quais já possuem a incorporação de rações extrusadas por conta da alta quantidade de proteína de fácil digestão que ela possui. E já existem também rações bovinas com alta quantidade de fibras solúveis e proteína e carboidrato de fácil digestão. Esse processo consiste pegar uma formulação farelada de bovinos, fazer a incorporação de um volumoso e submeter isso ao processo de extrusão. O resultado é uma ração com uma taxa de absorção em torno de 60% comparado aos 5% da ração farelada convencional. O resultado desse tipo de ração é uma alta produção de leite ou um tempo de confinamento reduzido. Uma boa forma de se ter boas matérias primas para substituir as de origem animal é recorrer aos farelos e o DDGS, segue abaixo uma lista de farelos comuns usados na produção de ração e o link para a postagem que fiz recentemente explicando como é obtido o DDGS e qual a sua vantagem na produção de ração.
FONTES DE PROTEINA VEGETAL | % DE PROTEÍNA |
FARELO DE ALFAFA | 22 – 25% |
FARELO DE ALGODÃO | 28 – 38% |
FARELO DE CASTANHA DE CAJU | 22 – 38% |
FARELO DE CANOLA | 35% |
FARELO DE LINHAÇA | 36% |
FARELO DE GIRASSOL | 28% |
FARELO DE GLÚTEN DE MILHO | 20% |
FARELO DE SOJA | 44 – 46% |
PROTEÍNA TEXTURIZADA DE SOJA | 28 – 35% |
FARELO DE AMENDOIM | 49% |
FARELO DE GERME DE TRIGO | 28% |
LEVEDURA SECA DE CANA DESIDRATADA | 30 – 36% |
LEVEDURA SECA DE CERVEJA DESIDRATADA | 42,6% |
RADÍCULA DE MALTE | 22,8 |
FARELO DE TREMOÇO DOCE | 33 -47% |
FARELO DE ERVILHA | 18-24% |
Esta é uma lista curta de ingredientes que podem substituir os de origem animal, a tecnologia de alimentos ainda tem muito que pesquisar e novos ingredientes irão aparecer para poder melhorar a composição das rações comerciais que fabricamos, uma boa descoberta conforme descrito no link acima é o DDGS que principal matéria prima na indústria de Etanol está se tornando uma ótima fonte de proteína em ração animal após o termino do processamento de álcool, o que antes era um problema para as usinas hoje é um fonte de ganho extra.
Nos próximos textos estarei falando sobre a linha vermelha e a linha branca de produção de ração.